domingo, 29 de novembro de 2009

Prostituição


São exatamente cinco e meia da manhã. Estou acordado para ir trabalhar...

Um? Se é cedo? Claro que sim, é que o ônibus demora um pouco, e eu acordo cedo pra dar tempo de engolir o café da manhã e tomar um banho “meia boca” para estar na parada às seis e meia no máximo.

Pois é, eu saindo as seis, seis e meia, eu chego lá no trabalho em uma hora mais ou menos.

Nada! Já estou acostumado. Geralmente vou dormindo no ônibus.

Lá no trabalho num é tão ruim não, sabe? Acho que é igual a todos...

É verdade! Todo trabalho tem um chefe que às vezes é chato, um verdadeiro pé no saco, é aquele cara que queremos matar um dia... Mas às vezes é até legal, ou então às vezes passamos quase dez anos de empresa para poder conhecê-lo...

Mas não é só isso não... Todo trabalho tem um baba ovo que todo mundo odeia, todo trabalho tem uma secretária gostosa, todo trabalho tem aquela pessoa que resolve tudo, todo trabalho tem aquela pessoa super inteligente, todo trabalho tem pessoas que podemos contar pra vida e pra morte e todo trabalho tem uma pessoa assim como agente, como eu..

Eu trabalho numa empresa grande até..

Não! Há não posso dizer o nome? Ah! Tudo bem!

É! Sim! Eu trabalho com atendimento receptivo, isso, telemarketing, é que eu detesto esse nome...

Não, ta maluco! Ninguém sonha em ser operador telemarketing, não tem como mesmo...

Eu sempre quis ser músico, trabalhar também no meio das artes, com pintura, poesias, prosas... Adoro ates, sério mesmo...

Eu até pensei, cara, em tentar viver nesse ramo, sabe, mas é difícil e tem que se ter muita sorte também.

Não! Claro que não é impossível! Se não...

Mas tudo depende de oportunidades, pessoas certas, lugares certos... Isso mesmo...

E ás vezes somos forçados a trabalhar com outras coisas para se manter, e quando menos esperamos estamos prostituindo nosso tempo, nosso talento só pra ganhar dinheiro.

Pois é, sinto-me uma verdadeira prostituta quando tenho que vender meu tempo para ganhar dinheiro...

É verdade! Tudo bem então! Abraço, cara! Até mais!

domingo, 22 de novembro de 2009

Besteiras


          Gostaria muito de saber o que nos faz ter tanta insegurança. É incrível como somo incapazes de acreditar em nós mesmos... Mas, tudo bem...
          Hoje me sinto um pouco incompleto, estou deitado no sofá lendo um livro, na verdade não estou lendo, estou só acompanhando a escritura, pois minha mente está distante, muito distante. Na verdade, nem sei do que se trata esse livro.
          É muito ruim, quando não se consegue pensar em outra coisa, a não ser naquilo que nos sufoca. Nem adianta fazer nada, parece um martelinho em nossa cabeça... É horrível... Mas, tudo bem...
          Gostaria muito de simplesmente viver, sabe, é muito ruim quando se depende de outro alguém para se estar completo, às vezes não damos conta do que está acontecendo. Procuramos nos encontrar com outros prazeres, mas não dá certo, chegamos até a criar um amor imaginário por uma pessoa da qual nem gostamos... Mas, tudo bem...
          Somos falhos mesmo... Somos errados mesmos... somos humanos mesmo...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Eu me rendo


      - Dá pra me deixar em paz?! Que droga! Já disse que não quero falar com vocês... Não, não olhem desse jeito pra mim. Ouviram?

      Olhem! Se for pra ficar desse jeito é melhor que agente se separe... Não dá pra gente ter esse tipo de contato todas às vezes... Isso, isso é algo muito pessoal pow...
      Nem adianta. Hoje eu prometi pra mim mesmo que não vou tocar em vocês.
      O quê? Eu, eu não permito esse tipo de coisa, ouviram?
      Ah! Assim não dá!! Ta bem! Só hoje então..
Eu me entrego a vocês..
     Então o rapaz abriu o primeiro livro da estante e começou a ler...

domingo, 15 de novembro de 2009

Apenas um copo d'água


          No final do corredor de um hospital público um senhor de quase cinqüenta anos fita uma garota com aproximadamente quinze anos...

- Olá senhorita! Que linda barriga! Já sabe se é menino ou menina?
- Não! (responde a garota)

          Então o senhor conta sua experiência de pai, fala de como foi bom ter acompanhado o crescimento da barriga de sua esposa, o quanto tinha ficado ansioso com toda a situação que havia passado. A garota sempre calada só observava..
          O senhor então mostra as fotos de suas filhinhas quando pequenas, mas agora as duas já grandes, estudam, têm um futuro brilhante pela frente... E vale ressaltar que sua esposa quando engravidou tinha apenas quatorze anos, isto é, um ano a menos que a jovem..
          Um doutor então chama a menina para ser atendida...
          Quase que duas horas depois a garota sai pálida do consultório e passando muito mal, mas a enfermeira disse que ela ficaria bem, só precisava se sentar um pouco...
          O senhor zelador viu sua “amiguinha” e perguntou o que houve. Ela olhou um pouco profundo nos olhos do senhor e disse que queria apenas um copo d’água...
          Não é preciso ser nenhum médico para saber que sua barriga não iria desaparecer por nada, e de uma hora para outra...
          E senhor trouxe o copo d’água e entregou a garota...

sábado, 14 de novembro de 2009

Uma outra forma de elogiar

         

          Assim que te vi, olhei pra tua bunda. Era linda! Você vinha rebolando quase que dizendo meu nome, mas não era só isso... Suas pernas torneadas, um...!

          Essa história de que agente tem que olhar para o interior é bobagem, quem vai querer ver o intestino de alguém e dizer: – Ó! Suas rugas intestinais estão cada vez mais lindas. Ou então olhar para o fígado e dizer: – Um como estar verdinho...
          É um absurdo! É claro que olhamos para o exterior... Tudo bem que a beleza não é tudo, mas é um belo cartão de visita. Ninguém vai colocar uma favela como cartão postal, eu sei que lá existe muita gente boa, mas mesmo assim...
          Por isso que eu digo se for pra elogiar, é melhor dizer a verdade, se a mina for gostosa, é pra dizer mesmo, se ela tem o rosto lindo do peitão, pode dizer também, afinal as mulheres só colocam silicone pra se sentirem com o peitão, ou não é? Ah!! Essa história de malhar só pra ficar saudável é uma mentira, as mulheres malham pra ficar atraente, pra serem desejadas, a verdade é essa, mas ninguém assume...
          Em tão se for pra elogiar... Diga a verdade...

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Monólogo no hospício


Eu estou cansado de falar sozinho, você nunca me responde. Tudo bem que às vezes eu tiro onda por ai, que eu às vezes me afasto e num quero falar com ninguém, mas você sabe que eu sempre volto, Não sabe?!


Olha aí! Ta vendo? Você nunca responde...

Caramba! Eu acho que só o senhor mesmo que não percebeu que quero bater um papo, é... Sei lá! Jogar um pouco de conversa fora...

Ta bom!! Se não quer falar não fale. Aí depois fica achando ruim quando não quero mais conversar. Massa, massa mesmo!! Valeu pela parte que me toca! Rum! Ignora!! Me deixa falando só. Num é isso que tu quer ver?

Quer saber? Vou dormir!

(Nessa hora, um grande trovão estronda o quarto. Começa a chover)

Mas o senhor é cheio de frescura mesmo né? Adora ser chaleirado! Sei não viu!

Mas saiba que eu num tô nem aí, agora quem não quer conversar sou eu...

(outro trovão...)

Dá pra parar de frescura? Eu quero dormir!

(Mais um trovão)

Lá, lá, lá, lá, lá! Eu num tô nem ai...

(Então Zé, que era paciente de um sanatório, tapou os ouvidos e foi dormir)

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Notícia do dia


          Não há como evitar, ou renunciar a dor... Nas revistas cenas de catástrofes mundiais, mortes, medo... Mas a matéria do dia é sobre discos voadores, algumas aparições, alguns mistérios...

          Algum dia de um mês qualquer em um desses anos.

          Na banca de revistas pequei uma revista para ver se vale apena comprar, o moço vendedor disse que ela custava R$12,99 e que havia uma matéria muito interessante sobre discos voadores, e que um homem havia sido raptado, uma mulher tinha engravidado de um ET, e muito mais. Na capa da revista, em letras garrafais, estampava-se a notícia dos extras terrestres, mas no canto direito da página uma jovem havia sido violentada pelo padrasto e no canto esquerdo uma senhora de sessenta anos foi espancada por assaltantes.
          Quem, afinal, iria se interessar por violência ou estupros? Caramba! Olha só existem imagens de ETs sendo abertos. Será que é verdade? Um!!! Essas imagens parecem ser tão antigas. Não acredito que a NASA esconde isso da gente, esse tipo de coisa não é pra ser escondido, afinal é algo que compromete a nação... E se existir ET mesmo? Como será nosso futuro? É, essa revista é boa mesmo, vou levá-la.

Uma história não muito estranha


I

Estava andando sem rumo, não tinha objetivo, porém muitos sonhos que jamais poderiam se realizar. Tinha minha vida, meus amigos, meu trabalho, uma história, mas faltava algo e eu sabia que precisava desses algo, não sei por que, mas me fazia muita falta.
Sentia-me incompleto, olhava as coisas e tentava entender e quando quase chegava a uma conclusão desistia. Sempre assim, sempre...
Certo dia decidir parar de vez, largar tudo para buscar o sentido, o sentido que me deixava tão aflito, que tirava meu sono e me fazia ficar com uma inquietude terrível. Então abandonei tudo que construí e fui-me embora com apenas um despertador, um travesseiro e um lençol que logo iriam se perder.
Deixei tudo só para descobrir o sentido de viver e observar as pessoas, suas ações, seus conceitos, dentre outras atitudes.
Parti...

II

Parti para meu inconsciente, entrei em sono profundo, tentei ver todo o mundo que havia dentro de mim, todas as lembranças, todos os sentimentos, meus gestos e minhas ações, pois descobrir que para entender o que há exteriormente é preciso entender o interior.
A primeira coisa que encontrei foi uma caverna escura, sem nenhum vestígio de vida, fiquei horrorizado com minha voz ecoando sem respostas, não havia luz, “nem aquela do fim do túnel para quebrar o galho”, era simples mente um nada sem absolutamente nada, pelo menos foi minha primeira impressão porque quando fui mais afundo percebi um fluxo de sangue. “Meu Deus! Estou em meu coração.”
É. Realmente é meu coração. Mas ele não estava completamente vazio. Lembra daquela luz no fim do túnel? Ela existe. Só que estava fraca como uma vela sem chamas suficiente para se alto aquecer.
Fui mais a fundo e vi que em um determinado ponto eu tive que parar e voltar, pois estava fechado até para mim mesmo então voltei de meu coração sem descobrir o que havia de errado. “Como pode meu coração que é meu não querer que eu o descubra? Não dá pra entender.” Fui adiante...
Encontrei no meio do caminho uma pedra, que engraçado, dentro de mim havia pedras. Cheguei até a um lugar que só tinha pedras, só pedras e mais pedra e por mais que eu ás tirasse do caminho aparecia mais e mais, que loucura... Repentinamente surgiu uma nuvem carregada de pedras. Choveu pedras, algumas chegaram até a me machucar. Eu comecei a correr feito um louco sem saber para onde ir estava com muito medo e estava correndo de minha própria consciência que por sinal estava muito pesada.
Estou quase desistindo de continuar: Meu coração está vazio, minha consciência está pesada, daqui a pouco...
É.! Eu continuei...

III

Passei horas e horas sem descansar por conta do barulho que tinha num beco que me meti, e quanto mais me distanciava de minha consciência mais esse barulho aumentava. Chegou a ficar ensurdecedor, não conseguia ouvir a mim mesmo, era uma agonia terrível, meu corpo tremia, eu fazia muita força para correr e não conseguia sequer tirar o pé do lugar, mas depois de muito tempo cheguei ao fim daquele beco horroroso, não precisei pensar muito para descobrir por onde estava passando: Era por minha mente. Pois é, que lugarzinho mais feio, sujo e barulhento, já não agüentava mais passar um segundo socado naquele lugar.
Minha cabeça deve ser muito grande, ainda não conseguir sair dela, cheguei até a um ponto bem engraçado que eram meus olhos. Como sempre fechados, cegos para o futuro, tinha até uma salinha que só passava filmes em preto e branco, e quando não era isso se passava imagens de tudo aquilo que não... É melhor nem comentar.
Mas tudo bem conseguir pegar um elevador próximo à garganta e fui parar num lugar bem esquisito. Uma casa!
Tinha apenas dois cômodos: uma sala com lareira e um quarto com apenas uma cama e um candeeiro no canto da parede. A sala era de estar por sinal e a lareira estava apagada e empoeirada, com alguns galhos úmidos, pois fazia muito frio naquele local, o sofá parecia que não sentava ninguém há anos, o chão não estava varrido e engraçado não tinha móveis. A sala se resumia a uma lareira, dois sofás e uma mesinha, que era onde ficava uma caixinha de fósforo. Já o quarto estava até, em relação à sala, bem apresentável, o chão não estava varrido, mas havia pegadas em direção à cama, que já não era tão confortável, estava a ponto de se desmontar, mas ainda sim era mais ou menos. Não sei como uma pessoa teria coragem passar a noite num lugar daquele, e o candeeiro coitado! Acabava-se em ferrugem. Eu mesmo fiquei comovido com toda aquela situação e decidi limpar a casa.
Varri, espanei, lavei... Mas quando acendi a lareira a mágica aconteceu.
As paredes pareciam novas, os móveis apareceram, o sofá! Ficou novo, o chão era de taco e a mesinha de marfim. E o quarto que de uma hora para outra... A cama novinha com um belo lençol de ceda, o candeeiro brilhava como o nascer do sol, a te cantos de pássaros ouvi, e quando abri a janela que havia aparecido: Um belo jardim com um enorme bosque suave, me apareceu então um céu limpo e nuvens tão brancas quanto algodão. As flores riam de tanta felicidade, felicidade essa que me contagiou, chorei feito um menino, pois não sabia o que tinha acontecido e quando menos esperava ouvi um batido na porta, surpreso pensei: “Quem mais poderia estar dentro de mim e não a mim mesmo?” Fui atender.
Quando abri a porta uma luz imensa invadiu a porta, mas foi com tanta força que eu caí no chão, e o máximo que conseguir ficar foi de joelhos. Naquela hora senti uma mão em minha cabeça e uma voz que dizia: “Quanto tempo esperei por ti, meu filho, tu não sabes o quanto eu te amo, por que demoras-te tanto?”.
Na hora que eu ouvi isso meu corpo começou a tremer, minhas mãos começaram a suar, e continuei calado. Ele voltou a falar: “Vi que você decidiu limpar minha casa, a cama onde eu dormia, realmente estava precisando de um reparozinho, e há quanto tempo não sentia esse calor aqui dentro, esse cheiro gostoso de vida, que maravilha, sabia que você um dia viria me visitar, viu o jardim? Preparei para você, é lindo não é?”.
Eu já em prantos pedi desculpas por ter esquecido do verdadeiro sentido da vida, minhas palavras inseguras acompanhadas de soluços e lágrimas, ele sem me deixar explicar me interrompeu: “Meu filho não chore nem se lamente, pois o passado serviu para sua aprendizagem, sabes agora o que seguir. Venha temos muito que conversas. Dê-me sua mão e sente-se aqui que eu vou preparar um chá.”.

IV

Encontrei-me com Deus dentro de mim, quem diria, mas é verdade, basta você acender a luz de seu coração, direcionar a sua mente a um objetivo maior, abrir seus olhos e fazer o possível para que sua consciência não pese a ponto de te machucar. E aquele lugar que eu estive por ultimo era minha vida. Estranho todos esperavam algum órgão, mas o que seria dos órgãos sem vida? Pois é minha vida estada fria, suja e sem Deus, mas quando decidi muda-la tudo ao seu redor mudou também, foi quando percebi que minha vida já não era minha, porém estava em boas mãos.
– Deus sabe o que faz...
...E o despertador tocou.